sexta-feira, maio 11, 2012

Até o fim raiar...

O que é verdade então?
Estamos flutuando, vivendo na bolha do que quisemos pra nós, brincando de tudo, desimportando cada centavo gasto. Não valemos o que fazemos, bem verdade... valemos bem menos.
A realidade deve ficar há uns 9, 10 metros abaixo, tal como aquele poço azul.
A vemos daí, dessa perspectiva e não, não temos coragem de chegar até lá ou ao menos tentar.
E vamos! Vamos nos divertindo, nos afagando, nos afogando um no outro, brincando do mal gosto, sentindo os bons gostos gastos que não nos cansam, que apavoram de se devorar, que se embolam nesse desejar, que de tanto, quer sempre mais e mais...
Vamos! Vamos nos valendo de nada, abrindo cada sorriso como ultimato, xingando, batendo, mordendo o destino que não faz esforço pro dia nascer diferente do que aquele em que te acordo atrasada, te batendo murcho, debruçado, sonolento, desgrenhado como tal pra abrir o lençol em branco e me puxar para a paz...
Vamos! Vamos assistir o céu cair em água, se entregar ao rosa, aos raios, à música, a nós... Vamos assistir a rosa, que é vermelha, procurar no dia uma maneira melhor de mostrar o quanto não vale nada ao menos 12 horas sem uma lembrança presente, um aconchego latente, um abraço caliente! Vamos, vem! Assistir a tudo que o mundo tem pra mostrar, até enjoar do lugar, fora... até nos acabar. O fim raiar...

...

Vamos acabar com que já começou predestinado a um fim tão próximo quanto a ponta do nariz.
Findar a tortura dessa prisão sentimental que inventamos e submetemos cada gotícula de fluido sacrificado a ele.
Ameaçar e sequestrar o coração sem nenhuma opção de resgate. Apagar a luz, aceitar os espinhos, cravejar em outrém os sonhos feitos pra um só, os sonhos natimortos que fizemos nascer.
Voto em secreto pelo aborto calculista desse amor pagão, mas meu Deus, eu te amo tanto...

sexta-feira, março 09, 2012

Furta-Cor



E a fome passou..
Tal como o tempo, este que você acabou de sentir no seu rosto, como um mudar de pele.
Se sobrou cheio, sobrou cheio de vazio, cheio de estômago corroído, cheio de dor mal sentida.
Mas a fome... a fome passou...
A fome de provar as novas sensações de sabores, a fome de escrever em cada página vazia, a fome de viver o inesperado, a fome do aguardo.
Estou farta do nada, me sou farta de nada, sinto falta de tudo.
Tudo aquele que pode ser nada num estalar de dedos, piscar de olhos, beijar de borboletas, beijar de esquimó. Perdi a fome. Me sobra o vazio que corrói, que anula, que acaba com toda e qualquer perspectiva, expectativa.
A avenida do meu carnaval tá vazia e pelo que parece ninguém vai limpar tão cedo.
Meu samba-enredo nao venceu e minha porta-bandeira desistiu do cargo.
As cores se foram e nem o preto e branco e mudo se mostram charmosos. Charme não há e pra quem vê, calma me sobra.
Me perdi, me perdi dos demais. Estou farta, sem fome e perdida.
Perdida em mulher que se acha em filhote de mariposa por distração. Perdida em mulher que não solta trejeitos e truques infantis.
Perdida na estação do meu carnaval.
Não tenho certeza se mantenho minha avenida ou não estou mais nela.
Os homenzinhos que mantém minha fome estão fracos.
Estão secos e ardem, não de desejo, de nada! De fartura de nada no caminho que leva a lugar nenhum e faz só...
Só e perdida.
Não, o meu carnaval não tem fim...
meu coração, sim.

Boa Hora


07/02
Daquele sentimento profundo, bem fundo que tem barulho de banho de chuva, de pisadas fortes em poças d'água, de guarda chuva amarelo.
Daquele sentimento bem fundo, do inesperado mais esperado debaixo do cobertor, do filme passando sozinho, dos pés descalços, descobertos.
É aquilo mesmo, lá do fundo, que faz doer quando não tá, que faz do ácido brotar, as vezes ruim, as vezes pior.
Aquilo que só sabe quem tem, que deixa na plataforma do trem, que se entrega no vai-e-vem, que consome horas a fio, que deixa inquieto, vazio, que dicotomiza toda e qualquer expectativa, que te faz buscar o celular na mesa, te faz levantar acesa, buscando preencher daquilo que outrora foram borboletas.
À deriva... À deriva.
Dorme em paz, princesa, não há mais nada para incomodar. Apaga essa luz e deixa, deixa Morfeu te levar. Não se importe, não lembre, não ligue! Espera o tempo, esse que vive, mostrar seu valor. Não se culpe, siga o exemplo do tempo, VIVA! e não rime dor com amor.
=)

Quinze de Janeiro de dois mil e doze

De tanto brincar não ser sua
fingi por vezes outra lua adorar, pra não lembrar
que a cada fase dela, seu bonito vinha maior
sua entrega mais prazerosa
E que nada se resumia a pó, aqui

De tanto brincar não ser sua
troquei pernas e paletós enlaçados
visei ventres e pescoços arranhados
pela barba tua, pelos pelos teus
Pelas mãos, até então, aqui

De tanto brincar não ser sua
Me entreguei e me entrego de olhos fechados
me virei e me viro do lado errado
E não ligo o por quê
Se tem eu, tem você, aqui.

De brincar não ser sua
fui e voltei 3 vezes do inferno (ou mais)
Fiz e desfiz demônios internos
Me rasguei e costurei o coração
Tentando saber enganar a solidão, aqui

De tanto fingir não ser sua
Já era há tempos miragem,
coisa perfeita, paisagem...
Procuro visitas de peles já vistas
De longe daqui, dalí...

De fingir não ser tua bem sei, bem entendo
Me tranquei do lado de dentro
Sem querer ou conseguir
Achar a chave daqui, (inútil)
Me entreguei, me perdi...

De fingir não ser tua
fui mais que tua, mais que tua
mais que tua, mais que tua
Aqui.


Ah...

- Vamos escrever um poema?
- Vamos parar um pouco com a tecnologia e guardar registros em HD?
- Vamos guardar também aquele primeiro olhar que a gente sabe que não vai ser o último e que vamos ter que nos lembrar deste quando os outros parecerem mentira?
- Vamos começar?
- Se der pra você ser menos direto às vezes sai um bem bom.
- Sabe como é, essa logo não me inspira muito se juntada ao nome da loja.
- Mas quando seu olhar no meu se cruza a gente se vê um no outro e a logo logo fica pra trás, olha aqui...
- ...
- É que hoje eu trouxe o amor pra passear, mas parece que ele gostou mais de você, e o mais impressionante é que o amor que costumava ser só meu não me causa ciúme nenhum em te querer mais que a mim, mas.
- ...
- mas é tão desimportante que eu te diga isso. O amor que é meu não vai te satisfazer como me fez, e ele assim se torna inútil já que agora ele te quer mais que a mim. Agora fica pra você. Faz dele o que quiser...
Eis que o amor que até então não tinha se pronunciado, mas sim, descolorado, parte deixando os dois, o que pertencia e o que nunca iria pertencer.

Nenhum dos dois se levanta.
-A história acabou muito rápido!
- Nós ainda temos metade da página. Será que dá tempo?
-Levanta! Vai atrás do amor pra me trazer de volta, para de pensar, só vai!
- ... Agora ele tá muito longe.
- ...
- Não vou alcançar a tempo.
- Tempo de quê?
- De te ter de volta com o primeiro olhar, depois do último não consigo me lembrar!
- Eu vou embora.
- Não! Olha, eu quase falo agora aquilo que as pessoas se dizem quando o "gostar" se torna muito pouco, insuficiente...
- Mas o amor foi embora.
- Por isso (eu não disse)...
- Por isso (ele foi embora)...

Feliz Ano Novo

Escrito no dia 6/01/2012

É verdade, ano novo. Ok, estamos no 6º dia do ano, e não, não foi só hoje que percebi isso.
Nessa de deixar a vida me levar 2011 me parece tão efêmero.
O escorrer pelos dedos foi tão intenso que mal me sobrou um grão. Se é que não escorreu também.
numa vontade intrínseca de me enjaular. Naquela vontade romântica de sentar num café metido a culto e tomá-lo com um certo caderno amarelo que acabo de estrear pela terceira página.
Acabo de fazer uma retrospectiva mental onde não consigo mensurar o quão mal eu posso ter sido. Mas...
Mas me saí bem, ou não, mas não é isso que importa.
2011: me formei em Letras pela Universidade Estadual do Goiás. É tudo que precisam saber sobre mim.
Rubem Fonseca não me acompanha nessa porque nunca o conheci em verdade leitora.
Fico com o Caio e a Clarice que tanto falo mal.

~

Nota do dia de hoje: WHY THE FUCK tenho que ter tanto "C" na minha vida?????

Caderno Almarelo



Disse que estava nos manuscritos, e estava mesmo.
Acabei escrevendo umas coisas que cairam no meu gosto e como gosto/sou de perder as coisas achei melhor guardar os escritos aqui pra que a alma do meu caderno amarelo não se perca...

Bom... sei que tenho um meio gato pingado de leitores...
Divirtam-se, deprimam-se.

Vivam!