quarta-feira, dezembro 30, 2009

Diário IV

Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondida e, de repente, salta pra fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma necessidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
[Limite Branco de Caio Fernando de Abreu. pág. 71]

Ele não escreve nada que eu não pudesse escrever, mas me passa uma inveja tremenda.
Obrigada mais uma vez pelo livro Emilicas.

Não tô pra palavras.

sábado, dezembro 19, 2009

"Este é um tempo de silêncio. Tocam-te apenas.
E no gesto empobrecem de afeto. No gesto te consomem.
Tocaram-te, nas tardes, assim como tocaste,
adolescente, a superfície parada de umas águas?
Tens ainda nas mãos a pequena raiz,
a fibra delicada que a si se construía em solidão?"

Hilda Hulst.

domingo, dezembro 13, 2009

Posso dar tudo de mim,
Minha metade é quase tudo.
Tenho tudo de mim pra dar.
Tudo é metade, encaixe!
Metade do tudo que sou é quase,
Tudo que posso te dar é metade.
O meio que se afundou na carne
Tudo que tenho em mim, é metade.
Ah o galã de mentira...
Me faz suspirar inconscientemente trazendo as lembranças de liquidificador dos sambas de outrora.
Da Marisa e de Chico que não cantam mais pros meus ouvidos e entram mais além dos aléns dos beijos, abraços e braços...
Das decepções momentâneas ou nem tanto, do inferno interno até a próxima ligação que tonteia e faz achar que é mentira.
Das desaparições e apariçoes repentinas...
Da consciência total do lado de cá que sabe exatamente o que tá acontecendo e se finge de sonsa, deixa recolhido pra não ficar pior.
Dum pouco de desespero da mulherzinha...
Que faz morrer voltando com a cor, textura e gosto de baunilha com chocolate sussurrados, parecendo que nada aconteceu...
E me faz suspirar com as outras caras...

Aham.

auto-ajuda

Eu sou muito esperta pra certas coisas e bastante sonsa [lê-se lerda] pra outras. Considerando que as outras são a maioria conclua que: eu sou sonsa.
Sou tão assim que as vezes nem abrir uma porta eu consigo. [eu não moro em apartamento e nunca tive um interfone, desconta!]
Em certos casos posso até parecer aquela "fofinha" dos filmes americanos que são sempre desastradas e que no final SEEMPRE sofre A transformação [tira os óculos] e o galã [de meia tigela] acaba percebendo na beleza exterior da retardada, se casam e vivem felizes para todo o sempre. Meus óculos eu até tiro de vez em quando, mas o tal do galã não percebe o suficiente em mim ou ele já passou várias vezes e eu sim que não o percebi ocupada com o de mentirinha, ou não enxerguei pela falta de óculos.
A questão é: sou sonsa, desastrada, distraída e um pouco esperta.
Jamais me colocaria em anúncios de jornais porque tenho família, jamais morreria de overdose porque tenho família, jamais mataria alguém porque tenho família e jamais cometeria suicídio porque aí sim perderia minha família de mim e por mais que a vida seja amarga, dura e difícil eu amo essa bosta.
Tenho uma mania chata de auto-depreciação que irrita mais aos outros que a mim mesma e, por consequência, as pessoas começam a achar q eu eu sou tudo o que eu falo, por exemplo, você já me acha sonsa, e muito.
Por isso lembre-se: Não se auto-deprecie na frente de ninguém.
Eu sou linda, inteligentíssima, espertona, muito bem resolvida, obrigada!, organizada, possuo um raciocínio lógico invejável, paciência de jó sempre, nunca tenho preguiça e estou sempre disposta!
Beijão!