Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondida e, de repente, salta pra fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma necessidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
[Limite Branco de Caio Fernando de Abreu. pág. 71]
Ele não escreve nada que eu não pudesse escrever, mas me passa uma inveja tremenda.
Obrigada mais uma vez pelo livro Emilicas.
Não tô pra palavras.
ja eu, nao to pra acções
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